Figuras de construção: Entenda o conceito e descubra as mais utilizadas na língua portuguesa

Figuras de construção: Entenda o conceito e descubra as mais utilizadas na língua portuguesa

Em meio às infinitas possibilidades de expressão da língua portuguesa, as figuras de construção surgem como ferramentas poderosas na mão de quem escreve. Utilizadas para provocar efeitos de sentido e estilísticos diversos, elas enriquecem textos literários, discursos, peças publicitárias e até mesmo diálogos cotidianos. A manipulação proposital da estrutura linguística pode conferir maior expressividade, ênfase ou beleza a um texto, além de facilitar a memorização e a compreensão de conceitos complexos.

Conhecidas também como figuras de sintaxe, as figuras de construção diferem das figuras de pensamento e das figuras de palavra, pois não alteram o sentido das palavras, mas a forma como são organizadas na frase. A importância dessas figuras não reside apenas na capacidade de conferir destaque a certas ideias, mas também no poder de tornar a leitura mais dinâmica e engajante.

Dominar as figuras de construção não é uma habilidade reservada apenas aos grandes escritores ou oradores. Qualquer pessoa pode aprender a utilizá-las para melhorar significativamente a qualidade de seus textos e falas. Conhecer essas ferramentas é essencial para qualquer estudante, profissional da comunicação ou entusiasta da língua portuguesa.

Neste artigo, exploraremos as figuras de construção mais comuns, ilustrando como cada uma pode ser empregada para enriquecer a expressão textual. Acompanhe para descobrir mais sobre esse fascinante aspecto da gramática e análise literária.

Diferença entre figuras de construção, de pensamento e de palavra

As figuras de linguagem são divididas em três grandes grupos, cada um com um foco específico de alteração na linguagem. As figuras de construção, objeto central deste artigo, referem-se exclusivamente às modificações na estrutura da frase. Sua principal característica é a alteração da ordem gramatical padrão ou omissão de algum termo que, embora necessário para a estrutura sintática completa, é subentendido no contexto.

Por outro lado, as figuras de pensamento trabalham com as ideias e os sentimentos transmitidos pelo texto. Exemplos como a ironia, em que se diz o contrário do que se pensa para enfatizar uma opinião, ou a metáfora, que compara dois elementos sem usar ‘como’, são típicos desse grupo.

Já as figuras de palavra focam nas alterações sonoras ou no significado das palavras. A aliteração, repetição de sons consonantais, e a antítese, que coloca palavras de sentidos opostos em contraste, são exemplos clássicos.

Essa diferenciação é crucial para um estudo aprofundado e uma aplicação eficaz das figuras de linguagem, considerando seus variados efeitos e objetivos.

Tipo de Figura Foco de Alteração Exemplos
Figuras de Construção Estrutura da frase Elipse, Sínquise
Figuras de Pensamento Ideias e sentimentos Ironia, Metáfora
Figuras de Palavra Sonoridade ou significado das palavras Aliteração, Antítese

Elipse: ausência intencional de um elemento

A elipse é uma figura de construção que se caracteriza pela omissão de um termo facilmente identificável pelo contexto. Esse recurso estilístico pode ser visto frequentemente na linguagem coloquial, onde a brevidade e a eficiência da comunicação são essenciais.

Por exemplo, na frase “Quero suco, e minha irmã, água”, o verbo “querer” é omitido no segundo segmento, pois o contexto permite sua compreensão. Essa omissão confere uma rapidez e dinamismo ao diálogo, características valorizadas tanto na linguagem oral quanto escrita.

A utilidade da elipse vai além da simplificação da expressão. Em textos literários, pode ser uma poderosa aliada na criação de um estilo mais fluído e menos redundante, obrigando o leitor a participar mais ativamente da construção dos sentidos do texto.

Exemplo de uso Frase com elipse Frase completa
Cotidiano Comprei pão, ela, flores Comprei pão, e ela comprou flores

Zeugma: uso de elipse em um contexto já mencionado

O zeugma é uma variação da elipse, onde o elemento omitido já foi mencionado anteriormente no texto. Essa técnica não só evita repetições desnecessárias como também cria um efeito de coesão textual, amarrando as partes da comunicação de maneira elegante e concisa.

Considere a frase: “Pedro adora cinema; Maria, teatro”. O verbo “adorar” é subentendido na segunda parte da frase, demonstrando a preferência de Maria com economia de palavras. Como recurso literário, o zeugma pode ser usado para enfatizar paralelismos ou contrastes entre ideias e personagens.

Usar o zeugma exige uma compreensão profunda tanto da língua quanto do contexto comunicativo, pois a eficácia do recurso depende da clareza com que o elemento omitido pode ser inferido pelo leitor ou ouvinte.

Sínquise: desordem proposital dos componentes da frase

A sínquise é uma figura de construção que envolve a disposição incomum ou confusa dos termos na frase, geralmente para criar um efeito poético ou enfatizar certas palavras. É uma forma de hipérbato, mas com uma desorganização mais acentuada.

Em “Do mundo, as esperanças me desencantam”, a ordem direta seria “As esperanças do mundo me desencantam”. A inversão chama a atenção para “do mundo”, destacando o alcance global da desilusão do sujeito poético. Tal recurso é muito apreciado na poesia, onde a sonoridade e o ritmo têm papel fundamental.

Apesar de raro na linguagem cotidiana, por potencialmente dificultar a compreensão imediata, na escrita literária, a sínquise pode ser um diferencial estético significativo, contribuindo para a construção de uma voz única para o narrador ou personagem.

Assíndeto: ausência de conectivos entre orações ou termos da mesma oração

O assíndeto é uma figura que se caracteriza pela omissão de conectivos (como “e”, “mas”, “porém”) entre orações ou palavras. Utilizado tanto na prosa quanto na poesia, seu efeito principal é conferir velocidade e dinamismo à narração ou descrição.

Por exemplo, na lista “Comprei pães, leite, ovos, queijo”, a ausência da conjunção “e” acelera o ritmo da leitura, o que pode ser muito útil em contextos onde a brevidade é uma virtude. Além disso, o assíndeto pode ser usado para simular a agilidade do pensamento ou a intensidade de uma ação.

A presença ou ausência de conectivos pode ajustar significativamente o fluxo e a recepção de um texto, fazendo do assíndeto uma escolha estilística relevante em diversos gêneros e contextos.

Polissíndeto: uso excessivo de conectivos

Contrapondo-se diretamente ao assíndeto, o polissíndeto envolve a utilização frequente de conjunções onde normalmente não seriam tão necessárias. Este recurso aumenta a sensação de acumulação e pode intensificar o impacto de uma série de elementos.

“Ele trouxe maçãs e peras e uvas e bananas e laranjas”, por exemplo, ganha um ritmo quase hipnótico pela repetição do “e”, destacando cada elemento trazido. Em textos literários, essa técnica pode ser usada para construir clímax ou para detalhar cenas com grande carga emocional ou descritiva.

Escolher entre assíndeto e polissíndeto dependerá do efeito desejado pelo escritor: rapidez e concisão ou detalhamento e ênfase.

Anáfora: repetição de palavras no início de frases ou versos

A anáfora é uma das figuras de construção mais poderosas quando se trata de enfatizar ideias ou sentimentos por meio da repetição. Este recurso envolve a repetição de uma palavra ou expressão no início de frases ou versos consecutivos, colaborando para a coesão do texto e reforçando o tema tratado.

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