Mussarela ou muçarela: Entenda qual é a grafia correta e sua origem

Mussarela ou muçarela: Entenda qual é a grafia correta e sua origem

Quando se fala em pizza, sanduíches ou qualquer prato que leve queijo, a mussarela é, sem dúvida, uma das primeiras opções que vêm à mente do brasileiro. Porém, mais do que um ingrediente saboroso, esta palavra carrega consigo uma curiosidade linguística que divide opiniões: afinal, deve-se escrever “mussarela” ou “muçarela”? Essa dúvida não só permeia conversas casuais em padarias e supermercados mas também debates acadêmicos e profissionais sobre ortografia.

É importante notar que a língua portuguesa está em constante evolução, e as palavras frequentemente passam por transformações, seja na pronúncia ou na grafia. O caso da mussarela (ou muçarela) é um exemplo interessante dessa dinâmica, pois mostra como diferentes fatores históricos, culturais e linguísticos podem influenciar a forma como escrevemos. Além disso, ele destaca a importância dos acordos ortográficos e das decisões das entidades reguladoras da língua, como a Academia Brasileira de Letras, no processo de padronização linguística.

No decorrer deste artigo, exploraremos a origem da palavra, sua trajetória até o português falado no Brasil e as normas ortográficas que determinam sua grafia correta. Além de entender melhor como essas normas influenciam o uso da língua, também veremos como a variação entre “mussarela” e “muçarela” se manifesta em diferentes contextos da escrita e da fala pelo Brasil afora.

Origem histórica da palavra e sua chegada ao Brasil

A palavra “mozzarella” tem suas raízes firmemente plantadas no italiano, mais precisamente derivada do verbo “mozzare”, que significa “cortar”. Tradicionalmente, essa ação se refere ao processo de cortar o queijo em pequenas bolinhas, prática comum na Itália. O queijo mozzarella, conhecido por sua textura macia e sabor suave, é feito originalmente da leite de búfala, embora as versões mais modernas frequentemente utilizem leite de vaca.

Quando os imigrantes italianos começaram a chegar no Brasil no final do século XIX e início do século XX, trouxeram consigo suas tradições culinárias, incluindo a fabricação e o consumo de mozzarella. Com o passar do tempo e as adaptações culturais, a palavra italiana “mozzarella” foi aportuguesada para “mussarela” e, mais recentemente, “muçarela”, refletindo um fenômeno linguístico comum de adaptação e evolução das palavras estrangeiras em novo contexto linguístico-cultural.

A disseminação deste queijo e sua terminologia variou bastante ao longo do território brasileiro, com diferentes regiões adotando diversas formas de falar e escrever o nome desse popular queijo, o que eventualmente levou a uma discussão sobre sua grafia correta na língua portuguesa.

A influência da língua italiana na palavra ‘mozzarella’

A influência da língua italiana não se restringe apenas à culinária, mas também se estende à nossa ortografia. A palavra “mozzarella”, em italiano, é escrita com ‘zz’, que representa um som de ‘ts’ em português. Essa pronúncia é bastante distinta daquela adotada em português, o que pode ter contribuído para as variações na grafia ao longo do tempo.

Além disso, a pronúncia italiana enfatiza a sílaba “mo”, enquanto a adaptação brasileira frequentemente coloca o acento tônico em “rela”. Essa mudança na ênfase pode ter dificultado a manutenção da grafia original italiana, dando espaço para as adaptações que hoje observamos no Brasil.

Entretanto, é fundamental entender como a italianização de palavras segue um padrão comum em muitos idiomas, incluindo o português, onde palavras de origem estrangeira são frequentemente adaptadas para se encaixarem melhor na fonologia e ortografia local. Essa adaptação é um reflexo natural da linguística aplicada ao dia a dia e demonstra o dinamismo intrínseco das línguas.

Explicação sobre os acordos ortográficos no Brasil

O Brasil tem um histórico de acordos ortográficos que buscam padronizar a escrita do português falado no país. O mais recente acordo ortográfico, que entrou em vigor em 2009, teve como principal objetivo aproximar a grafia das palavras do português falado no Brasil àquela de outros países lusófonos. No entanto, vale ressaltar que algumas palavras, especialmente aquelas de origem estrangeira, continuam a apresentar desafios únicos.

No caso da “mussarela” ou “muçarela”, a discussão se deve, em parte, à adaptação fonética e à evolução da palavra na língua portuguesa. Por ser uma palavra de origem italiana e não portuguesa, a questão transcende os acordos regulares e toca na norma culta de importação lexical.

Diversos linguistas argumentam que, com o tempo, a adaptação fonética das palavras pode justificar mudanças na escrita, que, por vezes, são oficializadas por meio dos acordos ortográficos. Isso explica por que algumas variações são aceitas, enquanto outras permanecem menos formais até que haja um consenso mais amplo.

Posicionamento da Academia Brasileira de Letras sobre a grafia

A Academia Brasileira de Letras (ABL), que é a autoridade em questões de norma culta da língua portuguesa no Brasil, orienta a utilização da grafia “muçarela”, argumentando que essa adaptação reflete melhor a fonética da palavra na pronúncia brasileira. Apesar desta recomendação, a forma “mussarela” ainda é amplamente usada e aceita, principalmente no cotidiano comercial e culinário.

Segundo a ABL, a decisão por “muçarela” busca padronizar a escrita de acordo com as regras ortográficas que guiam a adaptação de termos estrangeiros ao português. No entanto, a própria natureza de adaptação das línguas sugere que ambas as formas podem continuar a coexistir, especialmente em contextos menos formais de escrita e fala.

Diferenças regionais no uso das duas grafias no Brasil

Dentro do território brasileiro, é possível observar uma interessante variação na preferência pela grafia de “muçarela”. Por exemplo, em estados do Sul e Sudeste, áreas que receberam um grande número de imigrantes italianos, é mais comum encontrar a grafia “mussarela”, mantendo uma proximidade maior com o termo original italiano. Por outro lado, outras regiões, que talvez tenham tido menos influência direta da imigração italiana, podem adotar a grafia recomendada pela ABL, “muçarela”.

Essas diferenças regionais são evidências de como fatores históricos e culturais podem afetar a linguagem:

Região Grafia Preferida
Sul e Sudeste Mussarela
Norte e Nordeste Muçarela
Centro-Oeste Muçarela

Este fenômeno não é exclusivo da palavra em questão, sendo comum em diversas outras adaptações linguísticas que ocorrem de acordo com as peculiaridades de cada região do Brasil.

Impacto das variações na comunicação e na escrita

A variação entre “mussarela” e “muçarela” pode parecer trivial, mas ela tem implicações reais na comunicação e na escrita no Brasil. Em ambientes acadêmicos e profissionais, por exemplo, a inconsistência na escrita pode levar a questionamentos sobre a correção linguística e até mesmo sobre a credibilidade do texto.

No entanto, no dia a dia, especialmente em conversas informais e em contextos culinários, ambas as grafias são amplamente aceitas e compreendidas. Isso demonstra uma certa flexibilidade da língua portuguesa, que se adapta e responde às necessidades de seus falantes.

Ainda assim, para profissionais da comunicação, jornalistas, escritores e educadores, é crucial aderir à forma considerada correta pelos órgãos reguladores, pois isso reflete não apenas o domínio da norma culta, mas também o respeito pelas diretrizes linguísticas estabelecidas.

Análise de como os dicionários brasileiros registram as duas formas

Um olhar para alguns dos principais dicionários do Brasil mostra como essa questão é tratada nas fontes lexicográficas. Dicionários renomados como o Aurélio e o Houaiss listam ambas as formas, “mussarela” e “muçarela”, mas geralmente indicam “muçarela” como a forma preferencial, alinhando-se assim às recomendações da Academia Brasileira de Letras.

Isso reflete uma norma dos dicionários de não apenas registrar o uso, mas também orientar quanto à forma prefencial segundo as normas ortográficas vigentes. Assim, essas obras desempenham um papel crucial na educação e na normatização da língua.

A presença das grafias em rótulos de produtos e em cardápios

Uma pesquisa informal em supermercados e restaurantes ilustra bem a coexistência das duas grafias. É comum encontrar rótulos de produtos lácteos e cardápios que utilizam tanto “mussarela” quanto “muçarela”. Tal fenômeno indica tanto uma variação regional quanto uma falta de padronização no setor comercial.

Produto Grafia Encontrada
Pizza Muçarela
Queijo Mussarela
Sanduíche Muçarela

Essa diversidade na grafia pode ser vista como um reflexo da própria diversidade cultural e linguística do Brasil, onde diferentes normas e usos convivem em relativa harmonia.

Dicas para lembrar a forma preferencial segundo as regras ortográficas

Para aqueles que desejam aderir à norma culta e se lembrar da grafia recomendada pela Academia Brasileira de Letras, aqui vão algumas dicas:

  1. Associe “muçarela” com a letra “u” de “uniformidade”, lembrando que a ABL busca uma padronização.
  2. Pense no “ç” como um sinal de que a palavra foi adaptada ao português, diferenciando-a de sua origem italiana.
  3. Use mnemônicos: “Muçarela com Ç de leite de va(C)a”, uma vez que a maior parte da mozzarella no Brasil é feita de leite de vaca, não de búfala.

Assimilar essas pequenas dicas pode ajudar a solidificar o uso da grafia preferencial em diversos contextos de escrita.

Conclusão reforçando a importância do entendimento da norma culta para profissionais e estudantes

Entender e aderir à norma culta da língua portuguesa é crucial para profissionais que utilizam a escrita como ferramenta de trabalho, assim como para estudantes em processo de formação acadêmica. A precisão no uso das palavras e a coerência na grafia são aspectos fundamentais que conferem não apenas correção, mas também credibilidade e profissionalismo aos textos.

A grafia correta de palavras como “muçarela” reflete um conhecimento profundo das regras ortográficas e uma adaptação consciente às recomendações dos órgãos reguladores. Embora as variações regionais e os usos informais proporcionem uma rica diversidade à nossa língua, em contextos formais e acadêmicos é essencial que se respeite e se promova a uniformidade ortográfica.

Portanto, mais do que uma simples questão de escolha entre “mussarela” e “muçarela”, essa discussão linguística destaca a dinâmica viva da língua portuguesa e a importância de seu estudo contínuo e sua normatização para a comunicação eficaz e precisa.

Recapitulação

  • Origem: Mussarela ou muçarela originou-se do italiano “mozzarella”, que veio do verbo “mozzare” (cortar).
  • Influência Italiana: As adaptações de palavras estrangeiras ao português muitas vezes refletem diferenças fonéticas e culturais.
  • Acordos Ortográficos: Esses acordos buscam uniformizar a escrita do português no Brasil, mas palavras como mussarela/muçarela apresentam desafios únicos.
  • Posição da ABL: A Academia Brasileira de Letras recomenda “muçarela”, embora “mussarela” ainda seja amplamente usada.
  • Impacto Regional: As grafias variam significativamente em diferentes regiões do Brasil.
  • Dicionários: Grandes dicionários brasileiros listam “muçarela” como forma preferencial.

FAQ

  1. Qual é a forma correta de escrever, mussarela ou muçarela?
  • Segundo a Academia Brasileira de Letras, a forma recomendada é “muçarela”.
  1. Por que existe essa variação na grafia do queijo mussarela?
  • A variação ocorre devido às adaptações fonéticas do termo italiano original “mozzarella”, bem como às diferenças culturais e regionais no Brasil.
  1. Os acordos ortográficos no Brasil afetaram a grafia de muçarela?
  • Os acordos ortográficos buscam padronizar a escrita, mas muçarela, por ser de origem estrangeira, segue regras específicas de adaptação de estrangeirismos.
  1. É errado usar a grafia ‘mussarela’?
  • Embora “muçarela” seja a forma recomendada pela ABL, “mussarela” ainda é amplamente usada e aceita em contextos informais.
  1. Como os dicionários registram essas grafias?
  • Dicionários como o Aurélio e o Houaiss listam ambas as formas, mas indicam “muçarela” como a forma preferencial.
  1. Por que a região influencia na grafia do queijo?
  • As diferenças regionais refletem o impacto da imigração italiana e as adaptações culturais que influenciaram a linguagem local.
  1. Posso encontrar as duas grafias em embalagens de queijo?
  • Sim, é comum ver ambas as grafias em embalagens e rótulos de produtos, refletindo a falta de padronização no uso comercial.
  1. Qual forma devo usar em um ambiente acadêmico ou profissional?
  • Em ambientes formais, é recomendado usar “muçarela”, seguindo a diretriz da Academia Brasileira de Letras para garantir a correção ortográfica.

Referências

  • Academia Brasileira de Letras
  • Dicionário Aurélio
  • Dicionário Houaiss
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